Depois que Josué e o povo de Israel cruzaram o Jordão, antes de atacarem Jericó, ele teve este estranho encontro:
“E sucedeu que, estando Josué perto de Jericó, levantou os seus olhos e olhou; e eis que se pôs em pé diante dele um homem que tinha na mão uma espada desembainhada; e chegou-se Josué a ele, e disse-lhe: És tu dos nossos, ou dos nossos inimigos?
E disse ele: Não, mas venho agora como príncipe do exército do SENHOR. Então Josué se prostrou com o seu rosto em terra e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu senhor ao seu servo?
Então disse o príncipe do exército do Senhor a Josué: Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué assim”? (Josué 5:13-15).
Este príncipe é um anjo; e os anjos foram criados por Deus: “Assim, os céus, e a terra, e todo o seu exército foram acabados” (Gn 2.1). Os anjos estão incluídos aqui como parte do exército celestial. Davi chama os anjos de ministros de Deus: “Bendizei ao SENHOR, todos os seus exércitos, vós, ministros seus, que executais o seu beneplácito” (Sl 103.21). Em Neemias é dito que Deus os criou: “Tu só és SENHOR, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há; e tu os guardas em vida a todos, e o exército dos céus te adora” (Ne 9.6).
Por meio desta adoração feita pelos levitas nos dias de Esdras e Neemias, o Senhor nos revela que os anjos, isto é, Seu exército, foram criados por Ele. Que o exército do Senhor deve significar os anjos fica claro em textos como Gênesis 32: 2 ; 1 Reis 22:19; 2 Reis 6:16-17; Salmo 103: 20, 21 ; Salmo 148: 2.
Veja as passagens
“Jacó também seguiu o seu caminho; e encontraram-no os anjos de Deus. Quando Jacó os viu, disse: Este é o exército de Deus. E chamou àquele lugar Maanaim” (Gênesis 32:1-2).
“Micaías prosseguiu: Ouve, pois, a palavra do Senhor! Vi o Senhor assentado no seu trono, e todo o exército celestial em pé junto a ele, à sua direita e à sua esquerda” (1 Reis 22:19).
“Bendizei ao Senhor, vós anjos seus, poderosos em força, que cumpris as suas ordens, obedecendo à voz da sua palavra! Bendizei ao Senhor, vós todos os seus exércitos, vós ministros seus, que executais a sua vontade! (Salmos 103:20-21).
“Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todos os seus exércitos” (Salmos 148:2).
O Príncipe do exército do Senhor, visto por Josué, é um anjo; ele aparece no meio do acampamento sem avisar. Ele está com uma “espada desembainhada em sua mão”. Esta expressão ocorre apenas mais três vezes no AT e se refere apenas aos guerreiros angélicos: “A jumenta viu o anjo do Senhor parado no caminho, com a sua espada desembainhada na mão e, desviando-se do caminho, meteu-se pelo campo; pelo que Balaão espancou a jumenta para fazê-la tornar ao caminho” (Números 22:23). Compare com 22:31: “Então o Senhor abriu os olhos a Balaão, e ele viu o anjo do Senhor, que estava no caminho e a sua espada desembainhada na mão; pelo que inclinou a cabeça, e prostrou-se sobre a sua face”. Como Josué, Balaão se curva ao chão ao identificar o homem misterioso.
Em 1 Crônicas 21 (referência cruzada de 2 Samuel 24 ), quando Davi e Israel são punidos com uma praga, Davi vê “o anjo do Senhor em pé entre o céu e a terra, com uma espada desembainhada na mão dirigida contra Jerusalém” (1 Cr 21:16). Como Balaão e Josué, Davi e os anciãos de Israel se prostram ao chão ao ver o anjo. Aqui ele eles o fazem para evitar mais punições: “E Davi, levantando os olhos, viu o anjo do Senhor, que estava entre a terra e o céu, tendo na mão uma espada desembainhada estendida sobre Jerusalém. Então Davi e os anciãos, cobertos de sacos, se prostraram sobre os seus rostos” (1 Crônicas 21:16).
Alguns teólogos especulam que este anjo que aparece para Josué é Jesus Cristo preencarnado. A reinvindicação é que, como não devemos adorar anjos (Colossenses 2:18; Apocalipse 19:10; 22: 8-9) ou homens (Atos 10:26; Mt 4:10), logo, esse capitão do exército do Senhor só pode ser Jesus antes da sua encarnação porque Josué o adorou. E se Josué o adorou, e só Deus poder ser adorado, então Jesus é Deus, concluem os trinitarianos.
Josué não adorou o anjo, como veremos adiante. Além disso, este anjo não pode ser o Cristo preencarnado, pois os anjos foram criados por Deus e isso vai contra o conceito primário trinitariano de que Jesus é um ser eterno, não criado.
A palavra “anjo” significa “mensageiro”. Jesus não pode ter sido usado por Deus como um mensageiro no VT (Hb 1:1,2). Ele é o mediador da Nova Aliança. O mediador da Nova Aliança nunca foi um anjo (Hb 1:4,5). Além disso, o ministério do Filho não havia se iniciado ainda (Compare com Gal 4:4 e Hebreus 1:1). De fato, a missão de Jesus como Aquele que o Pai enviou ao mundo só teve início um milênio e meio depois de Josué (João 8:18, João 3:17).
Este comandante é apenas um anjo, embora não seja um anjo qualquer; ele é alguém que fala no lugar de Deus. Observe que o capitão do exército do Senhor usa a mesma linguagem usada em Êxodo 3: 5 (“Tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é santo” – Josué 5:15). Porém, não implica que essa pessoa seja necessariamente Deus. A linguagem é idêntica àquela usada na ocasião do Monte Sinal, na entrega das tábuas dos Mandamentos, mas quem falou com Moisés ali foi um anjo; “Moisés esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com os nossos antepassados, e recebeu palavras vivas, a fim de nos serem transmitidas” (Atos 7:38). Na ocasião da sarça ardente (Êxodo 3:2), quem também falou a Moisés foi um anjo: “E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça…”.
Ao longo do AT, Deus fala através de um anjo (Gênesis 16: 7-13; 48: 15-16; Êxodo 3: 2 -6). O anjo do Senhor é uma representação do próprio Deus. Portanto, o anjo que Josué viu era o Príncipe das “hostes” do Senhor que era uma hoste angélica: “Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas hostes!” (Salmos:148:2). O texto (Josué 5:14 ACF) identifica a figura como “o Príncipe do exército do Senhor”, não o próprio Senhor. O próprio título é uma forte evidência de que alguém além do Senhor é indicado. Este “capitão do exército do Senhor” faz parte de uma “hoste” angelical. Hoste na Bíblia é um exército invisível, invisível ao olho humano que cerca o trono de Deus.
Leia os textos: “Orou Eliseu e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos para que veja. O Senhor abriu os olhos do moço, e ele viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu” (2 Reis 6:17).
“Bendizei ao Senhor, todos os seus exércitos, vós, ministros seus, que fazeis a sua vontade” (Salmos 103:21).
“Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas legiões celestes” (Salmos 148:2).
Lembre-se que Cristo disse que doze legiões de anjos estavam prontos para defendê-lo.
O exame das Escrituras revela que Deus frequentemente emprega anjos no desdobramento de Seu plano de redenção. Do anjo que guardava o caminho para a árvore da vida em Gênesis 3:24 ao anjo que Jesus enviou para dar a visão final da Palavra de Deus em Apocalipse 22:16. Os anjos são usados para dar ajuda física ao povo de Deus, liberar mensagens e até mesmo executar julgamento sobre o impenitente.
O aparecimento de uma figura que é descrita com os títulos ou características de Deus, mas também com os de um anjo, não é incomum no VT (Juízes 13:3 e 13:22). Outros exemplos podem ser encontrados fazendo uma pesquisa sobre o “Anjo do Senhor”.
Na verdade, muitas vezes, quando essas figuras aparecem, são referidas como o Senhor e seu anjo indistintamente (por exemplo, “o Anjo de Deus disse … Eu sou o Deus de Betel” (Gn 31:11-13). O próprio Deus diz sobre o anjo que seguia Israel pelo deserto: “meu nome está nele” (Êxodo 23:21). Acredito que isto destaca o fato de que sempre que o Deus infinito aparece ao homem, há necessariamente um aspecto mediador – nunca se pode vê-lo “como Ele é” (João 1:18), mas apenas como Ele se revela. Isso nos lembra de Sua glória inefável e majestade insondável.
Como todos os outros anjos, o capitão pode atuar como um mensageiro de Deus (Êxodo 23: 20-22). Quando ele e outros anjos funcionam dessa maneira, eles podem falar como Deus, agir como Deus, receber homenagem como Deus, etc., porque eles tem a autoridade de Deus, embora permaneçam distintos.
Acho que a chegada do capitão foi significativa para Josué porque foi o cumprimento da promessa de Deus de que Israel receberia a liderança de um anjo particularmente poderoso, que possui plena autoridade e identidade do Senhor, para derrotar os residentes de Canaã (Êxodo 23: 23-24). Ao resgatar Israel do Egito, o anjo trabalhou sozinho, não como um líder militar (Êxodo 14: 19-20). Mas quando chegou a hora de os israelitas começarem sua campanha em Canaã, o anjo tomou seu lugar como capitão do exército do Senhor para “expulsar os cananeus, os amorreus, os hititas, os perizeus, os heveus e os jebuseus”, como Deus prometeu (Êxodo 33: 2), então ele apareceu a Josué “com uma espada desembainhada na mão”; o ser se identifica como o “comandante” do exército do Senhor, que ao mesmo tempo era o próprio Senhor, o Deus Pai, é claro. No versículo 6: 2, Josué afirma que o Senhor falou, sendo este o anjo no versículo 5: 14-15. Isso deve apenas significar que o Senhor falou por meio deste homem (anjo).
Vemos situações semelhantes em outros textos. O “Anjo do Senhor” manifestado a Gideão (Juízes 6: 11-22). O “anjo do Senhor” (versículo 11) é equiparado ao “Senhor”. O verso 24 diz: “Gideão edificou ali um altar ao Senhor”.
Leia sobre o anjo manifestado a Manoá (Juízes 13: 3-21); o verso 3 se refere a ele como o “anjo do Senhor” (versículo 3) que ela viu como “um homem de Deus” (versículo 6). Note esse detalhe; ela diz ao marido: “Veio a mim um HOMEM de Deus”. E Manoá disse que eles “viram a Deus” (versículo 22).
Josué adorou o Anjo?
O fato de que Josué adorou esse anjo não é uma indicação tão clara quanto se propõe. A palavra hebraica shachah, que é traduzida aqui como adoração, às vezes é traduzida nas Escrituras como reverência, o tipo de reverência que um homem pode dar a um homem que é seu superior ou que um homem pode dar a um anjo com justiça. Este é o tipo de reverência que os irmãos de José lhe ofereceram (Gênesis 43:28), que Moisés ofereceu a seu sogro (Êxodo 18: 7), o mesmo gesto foi oferecido ao Rei Salomão pela sua própria mãe (1 Reis 1:16). Como o gesto que Rute prestou a Boaz: “Então ela, inclinando-se e prostrando-se com o rosto em terra, perguntou-lhe: Por que achei eu graça aos teus olhos, para que faças caso de mim, sendo eu estrangeira?” (Rute 2:10).
Acompanhe situações semelhantes
“E Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, veio a Davi e, prostrando-se com o rosto em terra, lhe fez reverência. E disse Davi: Mefibosete! Respondeu ele: Eis aqui teu servo” (2 Samuel 9:6).
“A mulher tecoíta, pois, indo ter com o rei e prostrando-se com o rosto em terra, fez-lhe uma reverência e disse: Salva-me, o rei” (Samuel 14:4).
“Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, tem paciência comigo, que tudo te pagarei” (Mateus 18:26).
“E veio Judá com seus irmãos à casa de José, pois ele ainda estava ali; e prostraram-se em terra diante dele” (Gênesis 44:14).
Compare com algumas traduções de Josué 5:14
Josué 5:14, NVI : “ … não, disse ele, mas como comandante do exército do SENHOR eu vim. Então Josué caiu com o rosto no chão em reverência e perguntou-lhe: Que mensagem meu Senhor tem para seu servo?”
Josué 5:14, NASB: “Ele disse: Não; antes, na verdade, venho agora como capitão do exército do Senhor.’ E Josué, prostrando-se com o rosto em terra, curvou-se e disse-lhe: ‘Que tem o meu senhor a dizer ao seu servo?”
Josué 5:14, NLT : “Nenhum dos dois, respondeu ele. sou o comandante do exército do Senhor. ‘ Com isso, Josué caiu com o rosto no chão em reverência. ‘Estou às suas ordens’, disse Josué. O que queres que seu servo faça?”
Josué 5:14 (LEB) “E ele disse: Não. Eu vim agora como comandante do exército de Yahweh. E Josué prostrou-se com o rosto em terra, {inclinou-se} e disse-lhe: O que é que meu senhor está ordenando ao seu servo?”
Josué 5:14 (NAS) “Ele disse: não; antes, na verdade, venho agora como capitão do exército do Senhor.” E Josué, prostrando-se com o rosto em terra, curvou-se e disse-lhe: O que tem o meu senhor a dizer ao seu servo?”
Josué 5:14 (NCV) “O homem respondeu: não. Vim como comandante do exército do Senhor”. Então Josué se curvou com o rosto para baixo no chão e perguntou: Meu senhor tem uma ordem para mim, seu servo?”
Josué 5:14 (NIRV) “Não estou de nenhum lado”, respondeu ele. Eu vim como comandante do exército do Senhor. Então Josué caiu com o rosto no chão. Ele perguntou ao homem: Que mensagem meu Senhor tem para mim?”
Josué 5:14 (NLT) “Nenhum dos dois”, respondeu ele. Eu sou o comandante do exército do Senhor.” Com isso, Josué caiu com o rosto no chão em reverência. Estou às suas ordens, disse Joshua. O que você quer que seu servo faça?”
Josué 5:14 (OJB) “E ele disse: Lo (não); mas como Sar Tze’va Hashem sou, agora vim. E Yehoshua caiu com o rosto no chão, prostrou-se e disse-lhe: O que diz Adoni a seu eved?”
Versão contemporânea em inglês “Nenhum dos dois, respondeu ele. Estou aqui porque sou o comandante do exército do Senhor.” Josué caiu de joelhos e se curvou no chão. Eu sou seu servo, disse ele. “Me diga o que fazer”.
NET Bible, “Ele respondeu: “Na verdade, sou o comandante do exército do Senhor. Josué se curvou com o rosto para o chão e perguntou: “O que meu senhor quer dizer ao seu servo?”
JPS Tanakh 1917 “E ele disse: não, mas eu sou o chefe do exército do Senhor; Eu agora vim. E Josué, prostrando-se com o rosto em terra, curvou-se e disse-lhe: Que diz meu senhor a seu servo?”
New American Standard 1977 “E ele disse: “não, eu realmente venho agora como capitão do exército do Senhor”. E Josué, prostrando-se com o rosto em terra, disse-lhe: “Que tem o meu senhor a dizer ao seu servo?”
Tradução literal de Young “E ele disse: não, porque sou o Príncipe do exército de Jeová; agora eu vim; ‘ e Josué, prostrando-se com o rosto em terra, curvou-se e disse-lhe: ‘O que meu Senhor fala a Seu servo?
Isso é uma reação de um servo em submissão na presença do seu Rei e não pode ser classificado como adoração: Josué caiu com o rosto no chão e se curvou e disse a Ele: “O que meu senhor tem a dizer ao seu servo”? Isto é, que ordens o meu Senhor tem para mim – ele estava pronto para executá-las. Josué estava sinceramente disposto a sujeitar-se a ele como chefe-general das forças israelitas, a considerar-se e a comportar-se como um oficial subordinado a ele e a obedecer a todas as ordens que deveriam ser dadas.
A atitude dos irmãos de José, que não o reconheceram no Egito, foi similar ao ato de Josué. Considerando José como o “Senhor da terra” (Gn 42:30,33), seus irmãos “se prostraram diante dele” (Gn 43:28).
Em várias passagens das Escrituras podemos observar a mesma atitude de pessoas reverenciando reis de Israel e outros homens de posição elevada, sendo que o uso da palavra é a mesma de Josué 5:14.
Evidente que o homem visto por Josué não é um homem comum. Ele é o capitão do exército do Senhor, enviado para dar instruções e ajudar Josué e o povo na conquista de Jericó. Ao ver este homem, Josué se joga no chão e lhe presta reverência respeitosamente. De acordo com a cultura de então, as pessoas reverenciavam aqueles com maior autoridade. Além disso, quando Josué se refere a este ser com a palavra “senhor”, ele usa a palavra hebraica “Adoni” (que é usada, também, para seres humanos) não Yahweh.
Em resposta à revelação do caráter do homem que viu, Josué “prostrou-se com o rosto em terra, o reverenciou, e disse-lhe: Que diz meu senhor ao seu servo”? O verbo se refere tanto à adoração a Deus (Gn 24:26) quanto à prostração em reverência ou respeito perante os homens (Gn 23:12) ou anjos (Gn 19: 1). O verbo aparece como “curvar-se/abaixar” em Isaías 51:23 e prostrar-se em 2 Reis 2:15.
O verbo é traduzido como “adorar” 99 vezes de suas 172 aparições nas Escrituras, e nas outras ocasiões aparece como “curvar-se” ou “inclinar-se”. E no caso de Josué, a palavra não prova conclusivamente que ele se prostrou diante do anjo em adoração – não será necessário discursar aqui sobre a identidade desse homem, que é um anjo; se é um anjo, não pode ser Jesus. Além disso, o próprio Deus fez uma distinção clara entre Jesus e os anjos: “Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho? (Hebreus 1: 5).
O Príncipe do Exército do Senhor e Miguel
Antes de responder se este Comandante do exército do Senhor é Miguel, eu vou mostrar quem Miguel não é; de acordo com as Testemunhas de Jeová, Jesus pode ser entendido “pelas escrituras como o arcanjo Miguel” (Torre de Vigia, 1979, p. 29). “O grande príncipe Miguel não é outro senão o próprio Jesus Cristo” (Torre de Vigia, 1984, p. 29). A edição de 15 de maio de 1969 da Torre de Vigia das Testemunhas de Jeová, sugeriu: “Há evidências bíblicas para concluir que Miguel era o nome de Jesus Cristo antes de deixar o céu e depois de seu retorno” (p. 307).
Um texto chave usado por eles é Daniel 12: 1 “E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe que representa os filhos do teu povo: e haverá um tempo de angústia, como nunca houve desde que houve uma nação [até] para o mesmo tempo: e naquele tempo o teu povo será entregue, todo aquele que for achado escrito no livro”
Daniel fala de Miguel como príncipe em 10: 21: “Mas eu te declararei o que está expresso na escritura da verdade; e ninguém há que esteja ao meu lado contra aqueles, a não ser Miguel, vosso príncipe”.
Na visão do mundo hebraico antigo, e na realidade, Deus designa anjos para governar e influenciar governos humanos (por exemplo, 1 Reis 22). Esses anjos são chamados de “príncipes”. Em Daniel 10:13, aprendemos que o príncipe da nação pagã da Pérsia se opôs ao mensageiro angelical enviado a Daniel. Em outras palavras, o príncipe da Pérsia era um anjo caído.
Os problemas para os Testemunhas de Jeová e alguns grupos Adventistas do Sétimo dia, que continuam ensinando que o Anjo Miguel é Jesus, são gigantescos.
Miguel não é Jesus
O “arcanjo” Miguel é citado em apenas três livros da Bíblia; em Daniel, Apocalipse e Judas. Vou focar aqui em Judas 1: 8,9, que diz: “Ora, estes, da mesma sorte, quais sonhadores alucinados, não só contaminam a carne, como também rejeitam governo e difamam autoridades superiores.
Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda!”
Miguel, que nem mesmo achava apropriado condenar ou repreender o diabo em seu próprio nome, mas apenas em nome do Senhor, disse a ele: “O Senhor te repreenda”. Mas Jesus, o Filho de Deus, nunca foi de forma alguma subserviente ao diabo. Satanás nunca teve autoridade sobre o Filho de Deus. Quando Jesus se envolveu diretamente com Satanás, visto mais claramente em sua tentação, Ele apresentou uma atitude muito diferente daquela de Miguel; Jesus se mostra disposto a corrigir e repreender Satanás diretamente: “Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto. Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e o serviram” (Mateus 4:8-11).
Percebam a diferença na autoridade; Miguel não ousou pronunciar nenhuma sentença de injúria contra o diabo (cf. 2 Pedro 2:11), mas Jesus o fez. Jesus uma vez declarou sobre Satanás: “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira” (João 8:44).
Jesus não abordou o assunto de repreender Satanás com a mesma hesitação dos anjos piedosos como Miguel. Jesus, como Senhor do céu e da terra (Mateus 28: 18), ousadamente chamou o diabo de assassino e mentiroso, e chegou a declarar que “não há verdade nele”. O Filho de Deus obviamente não é o arcanjo Miguel.
O próprio fato de vermos que o Arcanjo Miguel disse: ‘O Senhor te repreende’, demonstra que ele não pode ser Jesus. Em outras palavras, se Miguel era o Senhor Jesus, por que Ele se referiria a outra pessoa como Senhor?
Miguel é um deles
Daniel 10:13 diz: “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia”.
Observe que Miguel é “UM DOS primeiros príncipes chefes”, o que significa que há vários de categoria semelhante e, portanto, isso só pode se referir a vários seres criados de alta posição. Miguel é o príncipe-chefe dos anjos. Jesus nunca recebeu o título de “príncipe chefe” entre Seus muitos nomes, que incluem “Rei dos reis e Senhor dos senhores” ( Apocalipse 19:16 ). Miguel é um dos vários comandantes do exército angelical. Ele não é único. Jesus, no entanto, não pode ser descrito como um dos principais príncipes, simplesmente um entre muitos príncipes; Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Chefe de todos os governantes e autoridades:
“Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos… e nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos” (Atos 10:36, 42 – compare com Romanos 10:12; 14: 9).
“… a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro. E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas” (Efésios 1: 19-23).
“… Jesus Cristo, o qual, depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados anjos, e potestades, e poderes” (1 Pedro 3:22).
“Eles farão guerra contra o Cordeiro, mas o Cordeiro os vencerá porque é o Senhor dos senhores e Rei dos reis – e com ele estarão seus seguidores chamados, escolhidos e fiéis” (Apocalipse 17:14 – cf. 19: 11-21; 1: 5; 3:21; 11:15; 12: 5, 10; 22: 1-3).
Assim, Miguel faz parte de um grupo de criaturas, e por mais graduado que seja, não pode ser Jesus, que detém a autoridade suprema sobre eles. Não sabemos quão grande é esse grupo do qual Miguel faz parte, mas ele não está sozinho nessa classe.
Mas os argumentos dos TJ não se encerram aqui; eles usam as palavras de Paulo sobre a volta do Senhor para validar seu ensino; observe que quando Cristo retornar, Ele virá com a voz, ou grito de comando, do arcanjo: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro” (1 Tessalonicenses 4:16 ). Se Cristo vem com a voz de arcanjo, eles dizem que Ele deve ser esse arcanjo. Entendem que o único arcanjo citado nas Escrituras é Miguel.
O fato de Cristo vir com a voz, ou grito de comando do arcanjo, não significa que Ele seja esse arcanjo. Qual arcanjo está descendo do céu não está claro, pois há mais de um. Pode nem ser Miguel. Além disso, basta atentar para aparte b do texto quando diz que Ele vem “com o toque da trombeta de Deus”, o que apenas deve significar que outro soa a trombeta. logo, quando lemos que o “Senhor descerá do céu, com a voz do arcanjo”, significa apenas que Sua vinda se seguirá ao brado de um dos anjos da hoste celestial. Sabemos que Jesus não está voltando sozinho, Ele está vindo COM seus anjos: “E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder” (2 Tessalonicenses 1: 7).
O anjo Miguel não pode ser Jesus, pois a qual dos anjos Deus disse: “Sente-se à minha direita?” (Hebreus 1:13). Jesus não poderia, portanto, ser o arcanjo Miguel porque as Escrituras dizem que Jesus está assentado à destra de Deus Pai.
Em Hebreus 1-3 , o autor se propõe a demonstrar que Jesus é superior aos profetas, anjos e Moisés. Somos informados de que Jesus é a revelação final de Deus (1: 1-2). Depois de declarar explicitamente que Ele é “muito superior aos anjos”, o autor de Hebreus escreve: “Pois a qual dos anjos Deus disse: ‘Tu és meu Filho, hoje eu te gerei?” (Hb 1:5). A resposta óbvia a esta pergunta hipotética é que Deus nunca disse isso a nenhum anjo!
Miguel lidera uma multidão de anjos em uma guerra vitoriosa contra Satanás e seus demônios em Apocalipse 12. Se o menino que sobe para Deus é Jesus, como entendem os católicos e uma multidão enorme de evangélicos, então Jesus não pode ser ao mesmo tempo o anjo Miguel do texto.
A mulher, que para os católicos é Maria, “deu à luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono. E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias. Então houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam …” (Apocalipse 12:5-7).
Como Jesus poderia ser Miguel se ambos são personagens separados na mesma história? Além disso, o livro de Apocalipse se refere a Jesus como “Jesus Cristo” sete vezes, “Jesus” seis vezes, “Cristo” quatro vezes, “Senhor Jesus” uma vez e “Senhor Jesus Cristo” uma vez. Por que o autor do livro do Apocalipse de repente chamaria Jesus Cristo pelo nome de Miguel? Não faz sentido – especialmente porque não há nada em nenhum outro lugar da Bíblia que apoie uma mudança repentina de nome como essa.
O Comandante do Exército do Senhor não é Miguel
Os primeiros cristãos identificaram o comandante do exército de Deus com Miguel. Em Josué, a palavra hebraica para “comandante” é śar. A palavra śar é traduzida em inglês como “príncipe, chefe, capitão, capitão-chefe”. Miguel aparece em Daniel 10:21 como “seu príncipe”. Em Daniel 10:13 ele aparece como “um dos príncipes-chefes” e em Daniel 12: 1 ele aparece como “o grande príncipe”. A referência em Daniel 8:11 é debatida. O “comandante do exército do céu” (Daniel 8:11 NLT) ou “príncipe das hostes” (Daniel 8:11- NRS) foi identificado com Jesus, o que não é verdade.
Veja os textos
“Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu o deixei ali com os reis da Pérsia. Contudo eu te declararei o que está gravado na escritura da verdade; e ninguém há que se esforce comigo contra aqueles, senão Miguel, vosso príncipe” (Daniel:10:13,21).
“Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo; e haverá um tempo de tribulação, qual nunca houve, desde que existiu nação até aquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro” (Daniel:12:1).
“Ainda de um deles saiu um chifre pequeno, o qual cresceu muito para o sul, e para o oriente, e para a terra formosa; e se engrandeceu até o exército do céu; e lançou por terra algumas das estrelas desse exército, e as pisou. Sim, ele se engrandeceu até o príncipe do exército; e lhe tirou o holocausto contínuo, e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo. E o exército lhe foi entregue, juntamente com o holocausto contínuo, por causa da transgressão; lançou a verdade por terra; e fez o que era do seu agrado, e prosperou” (Daniel 8:9-12).
Observe que no primeiro texto Miguel é chamado de “um dos primeiros príncipes”. No segundo texto ele é chamado de “o grande príncipe”, e no terceiro texto aparece alguém chamado de “o príncipe do exército”, mesma designação dada ao príncipe/comandante que apareceu para Josué, que como já vimos, era um anjo.
Seria este principe do exército aqui em Daniel o mesmo anjo/comandante/príncipe que apresentou-se diante de Josué como uma espada desembainhada? Esse último pode ser o mesmo citado como o anjo do Senhor que apareceu para Balaão e Davi: “o anjo do Senhor … com a sua espada desembainhada” (Balaão, Num 22:23); “o anjo do Senhor … a sua espada desembainhada na mão (Balaão, Num 22:31); “o anjo do Senhor, que estava entre a terra e o céu, tendo na mão uma espada desembainhada” (Davi, 1 Cro 21:16), e Josué: “um homem que tinha na mão uma espada desembainhada” (Josué 5;14) chamado de “príncipe do exército do Senhor”. Lembre-se que a mulher de Manoá chamou um anjo de homem.
Ao dizer para Josué, “… venho agora como príncipe do exército do Senhor…”, ele está simplesmente dizendo que veio enviado por Deus. Deve significar apenas que ele é um anjo de Deus representando o próprio Deus.
Não sabemos se o comandante do exército do Senhor, que apareceu para Josué, é Miguel. Porém, podemos afirmar com toda certeza que ele não é Jesus. Sendo Miguel um dos primeiros príncipes do exército do Senhor, podemos inferir que há outros, e não são poucos. Isso deve significar que este comandante visto por Josué é um deles; é um anjo, como vimos, pois todos eles são anjos; são guerreiros do exército celestial.
Jesus está em Daniel 10?
“E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz; e o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma multidão” (Daniel 10:5,6).
Este homem vestido de linho diz no verso 13: “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia”.
O ser celestial que fala em Daniel 10:13 indica que ele foi resistido por outro ser e exigiu a ajuda do arcanjo Miguel para finalmente superar o problema. Corretamente, alguns argumentam que qualquer pessoa ou coisa nunca poderia resistir ao Senhor Jesus e Ele certamente não precisaria da ajuda de um arcanjo para superar um problema. Além disso, é desconcertante imaginar Jesus lutando com um anjo maligno por 21 um dias no seu tempo de Glória, e sendo Deus, como afirmam os trinitarianos.
Esta é a razão mais convincente para pensar que este não é Jesus. Se Jesus foi realmente um ser supremo reencarnado, parte da Trindade, fica difícil pensar que Ele precisava ou recebia ajuda angelical.
A Deus toda Glória
Como a pessoa diz que Josué não adorou o ser, pois em momento algum o texto se refere a anjo. Adoração somente a Deus; os anjos são conservos.
Pr Auricelio Brito
Pr Auricelio, seja bem vindo. Tente ler o artigo outra vez. Vais descobrir que era mesmo um anjo. Atente para o início do artigo. Compare o exército do Senhor com os anjos.
Se entendes que Josué adorou alguém, quem seria?
Atentando para o início do artigo já encontramos seu erro em achar que anjo só pode ser usado para os mensageiros de Deus angelicais. Quando João vê o fim dos tempos ele escreve ao anjo da igreja que claramente é o pastor. Qualquer pessoa com finalidade espiritual determinada pode ser chamada de anjo, então, era sim Jesus!
Sette, bem vindo ao site, e grato pelo comentário.
Não é Jesus!
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